Assembleia aprova proposta de reposição no VA

A assembleia geral dos trabalhadores do GHC desta quinta-feira decidiu aprovar a proposta da Diretoria do GHC de reajustar o valor do Vale Alimentação repondo a inflação geral do período de seis anos, isto é, acrescentar R$ 142,00 ao valor pago atualmente (R$ 385,00). A reposição de 37,06% resultará em um novo valor de R$ 527,68, que deve ser pago de forma retroativa já na próxima folha de pagamento, considerando a data base de 1º de abril.

O presidente da ASERGHC Arlindo Ritter destacou a urgência de revogar as penalidades realizadas através do Regulamento de Pessoal, onde na maioria das vezes os trabalhadores não tem direito à defesa.

“Foi apenas a primeira pauta com algum retorno concreto. Temos ainda muitas lutas na nossa pauta original, que apresentamos para a equipe de transição. A gestão terá de rever todas as penalidades injustas que foram feitas para perseguir trabalhadores nos últimos anos” – disse Arlindo.

O trabalhador da Segurança do Trabalho no H. Cristo Redentor e ex-presidente da ASERGHC Roberto Carlos lembrou que se o VA existe hoje no Acordo Coletivo de Trabalho interno, é porque houve uma grande greve no GHC, e não por decisão de gestão.

“A nossa greve em 2012 foi decisiva para conquistar o direito do VA para todos. A mobilização da categoria e a Justiça viabilizaram o Vale.” – relembrou Roberto Carlos.

Já Valmor Guedes, trabalhador da Manutenção do H. Cristo Redentor e diretor da ASERGHC, que acompanhou a reunião da mesa de negociação em que a Diretoria apresentou formalmente sua proposta sobre o VA, explicou seu ponto de vista distinto da gestão do GHC:

“Isso não é um aumento real no nosso Vale. Esses 37% de reposição são a inflação geral dos últimos seis anos. Estamos falando de VA, certo? A inflação dos alimentos foi de 61% nesse mesmo período. É importante criticar também a “negociação” feita até aqui. Não houve negociação!” – criticou Valmor.

A proposta da Diretoria foi aprovada pela maioria dos trabalhadores, com dois votos contrários e nenhuma abstenção. A assembleia encaminhou ainda a criação de uma comissão de negociação com sindicalistas e higienizadores para pressionar pela pauta da jornada de 180 horas para a Higienização.

180 horas da Higienização é uma luta de 8 anos

Durante o debate, trabalhadores relembraram a história desta luta pela redução de jornada de trabalho sem redução salarial, que iniciou logo após a desterceirização do setor em 2014.

Em 2013, a Higienização no Grupo era um setor terceirizado, o que gerava proliferação de infecções hospitalares com frequência. O surgimento das superbactérias KPC e NDM-1, em maio daquele ano, trouxe à tona escândalos financeiros e de gestão de pessoas no GHC. A epidemia se concentrava nas superfícies hospitalares, que eram feitas de material não apropriado (granito ao invés de inox) e higienizadas de forma não adequada, através de uma empresa terceirizada. Além de provocar uma epidemia, foi comprovado pela Controladoria Geral da União o prejuízo financeiro de mais de oito milhões de reais para os recursos públicos da saúde.

Após uma grande greve, a desterceirização foi conquistada e em 2014 foi realizado um concurso público para contratar Técnicos de Higienização Hospitalar. Porém, o edital regulamentava a jornada da categoria em 220 horas mensais para os trabalhadores que entraram já em 2015. A ASERGHC e entidades sindicais protestaram pela redução da jornada sem redução salarial para 180 horas mensais, no entanto, a gestão do GHC perseguiu politicamente mais de 30 trabalhadores, demitindo em massa por justa causa. O Diretor Administrativo e Financeiro do GHC na época era Gilberto Barrichello, atualmente Diretor-presidente do Grupo.