GHC demite os trabalhadores por telegrama
05/01/2021O ano mal começou e na primeira sessão da Câmara de Porto Alegre, os conservadores já se mostram incomodados com a presença e as reflexões propostas pela bancada negra eleita. Vereadora pelo DEM, a Comandante Nádia foi até a tribuna reclamar por vereadores da bancada negra se recusarem a levantar durante a execução do hino do Rio Grande do Sul, que contém uma estrofe de cunho racista.
Se acompanharmos a história gaúcha com maior profundidade, além daquilo que o senso comum propaga, podemos observar que durante a Guerra dos Farrapos Bento Gonçalves prometia liberdade aos escravizados inimigos, mas morreu deixando mais de 50 escravizados para seus herdeiros. Canabarro e Duque de Caxias foram os responsáveis pelo Massacre de Porongos: desarmaram e executaram os Lanceiros Negros. De qual liberdade o hino fala? A briga dos Farrapos contra o Império era sobre fim dos impostos e não questionava a escravidão. Por isso, retirar a obrigatoriedade da execução do hino rio-grandense nas solenidades é um ato político antirracista. Não pode ser obrigatório cantar versos que legitimam um processo de destruição da humanidade do povo negro.
O coletivo Raça, Gênero e Diversidade da Aserghc manifesta apoio à bancada negra e ao vereador e historiador Matheus Gomes, por seu posicionamento sobre o hino, que diz que “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Há décadas o movimento consciente não canta o hino, não é oportunismo. Nossa posição se fortalece quanto mais a história é contada. História que não estava nos livros e que nunca libertou os pretos e pretas desta província.
As tradições mudam e devem se adequar à luta de seu povo! Povo que não tem virtude acaba por escravizar!
Coletivo Raça, Gênero e Diversidade da Aserghc