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09/02/2022O Ambulatório de Identidade de Gênero já recebeu mais de 150 pessoas em Porto Alegre. Seu acolhimento à população LGBTQIA+ tem o objetivo de atender as especificidades da comunidade e, ao mesmo tempo, contribuir para a sua legitimação social.
Em 2018 o Brasil já era reconhecido como o país com o maior número de assassinatos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersexuais e assexuais. A grande sigla LGBTQIA+ indica parte dos principais alvos de preconceito e marginalização social. Somente em 2019 a LGBTfobia foi considerada crime semelhante ao racismo. Neste contexto social de violência e intolerância, surgiu o debate e o desejo de oferecer acolhimento para essa comunidade dentro do SUS, em Porto Alegre.
A psicóloga Silvia Ramão e o médico Vinícius Vicari participaram do movimento inicial de profissionais da saúde pública que identificou a necessidade de proporcionar um serviço de acolhimento para pessoas transexuais, travestis, não binárias e suas famílias. O projeto foi construído ao longo de 2019 com engajamento de residentes e profissionais do Grupo Hospitalar Conceição. Quando o ambulatório estava pronto para se tornar realidade, no início de 2020, a pandemia de Covid-19 atrasou sua estreia para outubro daquele ano.
Até janeiro deste ano, 156 pessoas já foram atendidas pelo projeto. No AMIG as pessoas podem ser encaminhadas para atendimento com um dupla de profissionais que compõem a equipe multiprofissional, que conta com as áreas de psicologia, psiquiatria, medicina da família, serviço social ou ainda outras especialidades oferecidas no SUS. A equipe é formada por profissionais da Gerência de Saúde Comunitária, da Atenção Primária Saúde, do Consultório de Rua, do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e os profissionais da Residência Multiprofissional de Família e Comunidade do GHC.
Do ponto de vista clínico, o processo de hormonização é um entre as muitas questões apresentadas por essa população. Através do planejamento de administração hormonal, realizado exclusivamente a partir dos 16 anos de idade, boa parte dos usuários podem dar continuidade ao seu processo particular de identidade de gênero.
“Nós nos propomos a ser um acesso ao serviço, considerando que os serviços tradicionais oferecem muitas barreiras para a população trans, é algo muito marcado pela transfobia”, destaca o médico Vinicius Vicari.
O AMIG se torna um ambulatório diferenciado na medida em que atende a uma demanda particular da população LGBTQIA+, em especial as transexuais e travestis não binárias: a necessidade de escuta das pessoas que estão em fase de aceitação do gênero com o qual se identificam, bem como conhecendo sua própria sexualidade. O acolhimento, muitas vezes, também é essencial para auxiliar os familiares do usuário a compreender o processo, o que torna o AMIG um projeto de apoio à legitimação e reconhecimento dos indivíduos. A partir do primeiro atendimento, a comunidade é inserida de forma integral na rede do sistema único de saúde.
“Recebemos as dificuldades sociais que as pessoas passam. A discriminação, o fato de elas não serem respeitadas pelo pronome correspondente ao gênero com o qual se identificam… Coisas mínimas, como poder ser chamado pelo seu nome social. As pessoas trazem bastante essas situações que causam sofrimento”, conta a psicóloga Silvia Ramão.
A LGBTfobia está presente em maior ou menor grau nas instituições e na nossa sociedade. Para combater o preconceito na saúde, o AMIG se coloca como projeto de educação permanente para o próprio GHC e os trabalhadores da saúde que realizam atendimento nas demais unidades básicas e hospitalares. Um dos objetivos do ambulatório é auxiliar na conscientização institucional para que, a longo prazo, não seja necessário existir uma equipe exclusiva para acolher essa comunidade, e sim que todas as unidades estejam plenamente capacitadas para o serviço.
O AMIG completou, em dezembro de 2021, um ano de acolhimento à população LGBTQIA+ de Porto Alegre. No país onde a expectativa de vida de uma pessoa transexual é de 35 anos, o ambulatório se consolida cada vez mais como espaço necessário e de resistência na saúde pública, amparado pela pluralidade do SUS.
Serviço
O acolhimento de usuários acontece a cada 15 dias aos sábados, na Unidade de Saúde Conceição. Qualquer pessoa usuária do SUS pode buscar o acolhimento, que pode ser agendado por whatsapp do ambulatório. Caso não seja possível agendar com antecedência, o atendimento é encaixado na agenda da equipe de saúde e realizado da mesma forma. Você pode acompanhar as novidades do ambulatório através do instagram @amig.ghc .
O que: Atendimento do AMIG GHC aos usuários do SUS
Como: Agendamento através do whatsapp (51) 3255-1726 ou por ordem de chegada no dia.
Onde: Unidade de Saúde Conceição – Rua Álvares Cabral nº 429, próximo ao Hospital da Criança Conceição, bairro Cristo Redentor.
Quando: Quinzenalmente aos sábados, entre 9h e 13h.